sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Scientia X ópio

Ciência, palavra grandiosa, do Latim Scientia, estar ciente, saber, ter conhecimento.
Deste exercício surgem os Cientistas, os que promovem o saber.
Foram muitos...Aristarco, Ptolomeu, Copérnico, Galileu, Kepler, Newton, Einstein, Planck...e muitos outros que admiravam tudo ao seu redor e faziam grandes perguntas...quantas dúvidas, angústias, incertezas...
E assim, o mundo era aos poucos explicado, humanamente explicado...dentro dos nossos limites.

O homem de Ciência não era pago para produzir conhecimento...o conhecimento era seu ópio, um deslumbramento sem precedentes...encontrar indícios de uma resposta era ainda melhor que encontra-la propriamente...as dúvidas são combustíveis.

Einstein, considerado o maior gênio da Humanidade, começou suas indagações ainda muito jovem, pôde se dedicar mais aos deslumbres do conhecimento quando foi contratado por um escritório de patentes em Berna...de dia trabalhava mecanicamente...à noite dedicava-se às divagações com grandes amigos sobre o mundo que via e não via...
Publicou apenas 3 artigos científicos...apenas 3...e ninguém ousa dizer que fez pouco...seus exercícios mentais deixaram arsenais inteiros que sustentam a Física até os dias de hoje.

Há pesquisadores espalhados pelo mundo tentando provar que ele estava errado quanto a uma tal de constante cosmológica...não faço a menor idéia se ele estava errado ou não, apenas me preocupo com o propósito da investigação, será vaidade? Eis um novo tipo de ópio.
Há casos de pesquisadores que se contradizem para se manter na vanguarda, não são todos...claro, se fossem todos o barco já teria afundado.

E existem ainda aqueles que julgam terem chegado a um fim grandioso, um resultado perfeito, não há nada para ser feito, o trabalho está completo.
Um geneticista norte americano publicou um artigo numa das mais importantes revistas científica do mundo e afirmou categoricamente algo nesta linha: "a genética humana já evoluiu tudo que tinha para evoluir, somos seres especializados, as doenças são parte da seleção natural, os fracos serão abatidos..."
Que triste! Acredito que agora ele pode se aposentar...

Éramos coacervados...a vida iniciou-se por uma sopa orgânica caótica...hoje somos seres complexos e...paramos de evoluir?
A grande explosão que deu origem a tudo aconteceu há 13,7 bilhões de anos, a forma mais primitiva do homem surgiu há 3 milhões de anos. Se fizermos um paralelo de que a origem do Universo tem um mês de idade, o homem tem aproximadamente 10 minutos de vida (Se não errei nas contas). Quem nos garante que um dia a humanidade não possa ser formada por seres azuis de antenas?
Somos pequenos demais para batermos o martelo...julgar algo finalizado é meramente explicado pela necessidade de aumentar a massa crítica das plataformas curriculares...(Repito, Einstein publicou apenas 3 artigos...)

Só espero continuar pensando que aprender é a resposta...se um dia eu bater o martelo para algo, por favor, ignorem-me...não deixem que minha voz ecoe por ai...
Não quero ser paga para fazer pesquisas...quero receber o suficiente para me manter dignamente, ter paz, segurança, para poder fazer a diferença...todos tem um propósito que está na alma...que minhas vitórias não sejam exaltadas, mas que tenham serventia, que a vaidade não seja meu ópio.

E que assim seja...
(VCR)

3 comentários:

  1. Eis a verdade nua e crua... Já não se faz cientista como antigamente. E, ainda, a vaidade nos dá a certeza de estarmos cumprindo o que juramos quando nos formamos profissionalmente... É lamentável. Viva Einstein!

    Saudações!

    ResponderExcluir
  2. Apenas três artigos, dele, fizeram pela ciência o que nem três milhares fazem hoje. Eis a prova concreta da queda de qualidade, do crivo frouxo e da banalização do que chamam atualmente, de forma desmerecida, de ciência.
    Muito bom, Val! Gostei...
    Beijos!

    ResponderExcluir
  3. Roque e Jaedson, bom saber que encontro ressonância em pessoas tão capazes como vcs. Eu e Angélica queremos isso mesmo, encontrar pessoas que possam nos instigar a continuar a discutir as questões que irão nos levar a grandes horizontes, sem idéias pré concebidas.
    Um beijo enorme.

    ResponderExcluir