domingo, 4 de abril de 2010

Um pequeno paralelo de uma grande Filosofia

Um vasto campo, pronto para ser semeado. Receberá sementes de uma erva rara capaz de curar, de produzir conhecimentos, de dar prazer, esperança, caridade, paz e tudo o que for necessário. A erva mais importante de todos os tempos.

O trabalho foi duro, dias de semeadura de sol a sol, tinha que ser assim, é condição inicial para que tudo dê certo. Foram muitas mãos, muito sangue e suor.

O tempo passou e o crescimento era lento, muito lento, anos se passaram. Desde o início foi feito de tudo para que as ervas brotassem sadias, fortes. Não havia nada que pudesse atrapalhar. A terra foi analisada para que não houvesse nenhuma contaminação e as grandes e fortes mãos "viram" que aquela terra era virgem, pura, não continha nenhum cisto que pudesse dar origem a doenças ou ervas daninhas.

O controle de qualidade inicial foi exemplar. Mas nada disso impediu que as sementes brotassem de forma diferente uma das outras. Muitas fizeram juz ao investimento do início, outras, não se sabe quantas, sofreram mutação, ou nasceram assim. O fato é que eram diferentes e nada disso foi planejado.

Todas as sementes tinham a mesma aptidão para a manifestação de certas propriedades benéficas, mas não foi assim que aconteceu.

Passado o susto inicial, as grandes mãos se reuniram. Com muita sobriedade e organização conseguiram identificar três soluções para que a colheita pudesse ser feita no futuro.

A primeira solução era retirar imediatamente da terra, as ervas modificadas. Mas alguém disse: "não será rápido, teremos muito trabalho pois não temos a garantia de conseguir e não sabemos quantas são, podem ser mais ou menos do que conseguimos ver. E também, retiraríamos muita cobertura da terra caso o número seja grande, o que acarretaria problemas para as ervas sãs, e se forem em pequeno número, demoraríamos muito tempo a percorrer toda a terra para descobrir que não se passa de número pequeno, nada ameaçador". Todos concordaram. Essa opção foi descartada.

A segunda opção era esperar que cresçam e na colheita fazer a separação. As ervas boas seriam utilizadas para novas populações e as ervas mutantes seriam queimadas, para que não houvesse contaminação de outras terras. Mas alguém disse: "tinhamos certeza de que as ervas eram puras e no entanto houve essa mutação. Quem nos garante que isso não está dentro delas? Isso provavelmente irá acontecer sempre, precisamos apenas saber qual a porcentagem dessa ocorrência. Lembrem-se que o solo era puro, e tinhamos certeza, portanto, economizemos nossas forças e nossas chances de mudanças, pois essas ervas que agora nos parecem nocivas podem ter alguma serventia". Todos concordaram novamente. Não seria cabível queimá-las. É um novo material, digno de ser estudado.

A terceira e última opção era que deixassem as ervas crescerem juntas e que colhessem apenas o que precisassem. Pois um dia, alguém mencionou, as mais fortes irão excluir as mais fracas e se por algum motivo as duas se equivalerem em termos de domínio da terra, é hora de verificar se a terra era mesmo pura, ou se as ervas são realmente tão diferentes assim, pois as aparências enganam a maior parte das vezes e isso pode ser um indício de pré conceitos. Dessa forma, as mãos responsáveis escolheram essa opção.

E cá estamos nós, crescendo todos juntos. Ainda não sabemos que tipo de erva somos, uns julgam serem ervas puras, outros preferem não questionar. O fato é que nem conseguimos saber se estamos na bancada da maioria, e o melhor de tudo é que deixaram a gente por aqui com uma carga generosa do tal do "livre arbítrio".

Tem muita erva sendo colhida, ainda mais em épocas de calamidades...e quando chegar a minha hora, espero ter feito bom uso do tempo que me foi dado. E verei qual será minha serventia e de qual semeadura participarei.

um paralelo apenas...bem pequeno...sem detalhes...




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