sexta-feira, 14 de maio de 2010

Tudo é relativo

Conheço um homem comum. Comum diante de toda a gente. Para ele, não se trata de um homem tão comum assim.
Trata-se de um Grande Homem, com inteligência acima da média, com grandes conquistas passadas, com histórias interessantes, com idéias geniais, com algo especial, incomum nas demais pessoas.

Mas...depois de tantos adjetivos sempre existe o "mas".
Os rótulos que existem, baseados em superficialidades do caráter humano, são falsos. Lembram-se do "Só se vê bem com o coração"?
Pois bem, os rótulos são perfumarias e nada mais...conceitos jogados ao léu...palavras ao vento...pó.

Benjamin Franklin, um suposto grande homem também, disse que para conhecermos alguém, basta dar lhe poder. 
Acredito que não precisemos de tanto. Dê ouvidos a ele, deixe-o falar, teste sua vaidade e poderá ter indícios do que se tem por dentro.

Com relação ainda ao mesmo homem que mencionei que conheço, alguém disse que, se um dia ele morrer, colocarão em sua lápide: "Foi um grande homem".
Eu inverteria, colocaria assim: "Foi um homem grande". Sua altura é assustadora, e eu não estaria mentindo.
Quanto ao "grande homem", não sei...meu referêncial é outro.

Eu conheci um grande homem. Seu nome era Laerte. Meu tio Laerte. Nome grego que significa formiga. A formiga é admirada por diversas civilizações, pela Grega especialmente por significar "o que salva o povo, o levantador de pedras".
Ele foi um cristão. Nunca o vi jogar palavras torpes, suas críticas eram construtivas, amava seu próximo de uma forma incontestável. Serviu a todos que conhecia e não conhecia, pelo simples prazer de fazer o bem, sem qualquer distinção. Fazia caridade até com seu olhar.
Sua voz já demonstrava amor, carinho e suas idéias eram sempre "visuais", tudo resplandecia luz, felicidade, amor, verdadeiro amor, incondicional.

Diante daquele que se auto intitula "grande homem" eu não pude deixar de lembrar de meu tio Laerte. Faleceu dia 17 de novembro de 2008, após dois anos de luta contra o cancer. Deixou três filhos, já encaminhados na vida, e minha tia que ainda chora.

Quando estive de frente com o pobre "grande homem", que defendia a tese de ter sido o suprassumo da sociedade de sua época, agradeci a Deus por conseguir me calar. Quando não se conhece o céu, sonha-se com o inverno e isto é tido como bom.
Nada como aqueles que estão despidos de orgulho e fazem o que têm que fazer sem ter a necessidade de aplausos.

Eu fico triste quando presencio acontecimentos que me machucam a alma e acabo por não ser tão direta quanto gostaria. Sinto-me culpada por não defender as pessoas, que por simplicidade, deixam-se levar pelos rótulos, rebaixando-se a si mesmos como se merecessem.

Não é questão de omissão, a diplomacia é importante para poder dormir à noite.

Mas sinto que minha diplomacia está se esgotando...e meu medo é ...Quando? Com quem?

Um comentário:

  1. Salve, Valéria!

    Muito bom o seu texto. Sei da sua inquietação quanto a este tipo de gente que se especializou em vender rótulo. Mas deixe eu te dizer uma coisa: essa gente vai para onde nós vamos - para o pó. É gente de mente atrofiada, pobre e mortal.

    Portanto, é melhor manter a diplomacia, como você fala. Agir com a razão é muito melhor do que com a emoção.

    Um abração!

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