segunda-feira, 12 de abril de 2010

Te encontro enfim


Há vários tipos de solidão.
A mais radical de todas elas é quando se está absolutamente só, sem ninguém por perto.
Há outra, a que não adianta estar acompanhado, vive-se só por não ter alguém específico e como ninguém é substituível, acaba-se concordando que está só.

Mas tem outro tipo ainda, que conheço bem.
A solidão sorrateira, aquela que nos dá a aparência de estarmos muito bem amparados, pois o "alguém específico" está ali perto.

O estar perto pode não significar muita coisa. Principalmente quando o alimento das almas são muito diferentes.

Sofro da solidão sorrateira, quando eu menos espero ela se faz presente e vejo o quanto estou sozinha. Não se trata de um exemplo, trata-se de um estopim, a gota d'água. Quando isso acontece, constrói-se uma cicatriz. Pode ela permanecer fechada, mas na menor das doenças d'alma, ela se revigora e volta a doer. 

Sentir-se só dessa maneira não é questão de capricho, é como se abríssemos uma gaveta de várias solidões passadas e não resolvidas, para acrescentar mais uma, e então, vemos todos as outras que estão guardadas...

Mas há sempre um consolo, ou uma explicação:

"Enquanto não superarmos
a ânsia do amor sem limites,
não podemos crescer
emocionalmente.

Enquanto não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos
a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é
necessário ser um."

Fernando Pessoa



Um comentário:

  1. Salve, Val!

    Interconexão:

    "Soube, um dia, em meio à multidão, que eu estava só e que minha solidão era uma amiga sincera, compreensiva" (Roque Pinho)

    Abração!

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